Deslocamento do foco em Projetos para a responsabilidade em Operações

A evolução dos projetos de desenvolvimento de software, desde as metodologias tradicionais em cascata até as abordagens ágeis e, posteriormente, ao Lean e Kanban, culminando na adoção do DevOps, reflete uma mudança fundamental na forma como os projetos de TI são conceituados e gerenciados. No cerne dessa evolução está uma ideia fundamental: no modelo mais recente, as operações assumem o centro do palco.

O modelo tradicional em cascata, caracterizado por suas fases sequenciais de levantamento de requisitos, design, implementação, testes e implantação, serviu como pedra angular do desenvolvimento de software por décadas. No entanto, sua estrutura rígida muitas vezes levava a ciclos de desenvolvimento longos, pouca flexibilidade e desafios em responder a requisitos em constante mudança.

A evolução dos projetos de desenvolvimento de software, desde as metodologias tradicionais em cascata até as abordagens ágeis e, posteriormente, ao Lean e Kanban, culminando na adoção do DevOps, reflete uma mudança fundamental na forma como os projetos de TI são conceituados e gerenciados. No cerne dessa evolução está uma ideia fundamental: no modelo mais recente, as operações assumem o centro do palco.

Agilidade

A emergência das metodologias ágeis desafiou o status quo ao promover o desenvolvimento iterativo, feedback contínuo e colaboração entre equipes multifuncionais. Metodologias ágeis como Scrum e Extreme Programming (XP) priorizavam a satisfação do cliente, adaptabilidade e entrega de software funcional em iterações curtas. Essa abordagem se mostrou eficaz em abordar muitas das deficiências do modelo em cascata, promovendo maior agilidade e capacidade de resposta no desenvolvimento de software.

Posteriormente, a adoção do Kanban introduziu técnicas de gestão visual para otimizar o fluxo de trabalho e aumentar a transparência ao longo do processo de desenvolvimento. Ao visualizar os itens de trabalho em um quadro Kanban e limitar o trabalho em progresso (WIP), as equipes conseguiram otimizar seus processos, identificar gargalos e melhorar a eficiência geral.

DevOps

No entanto, foi a integração das práticas de desenvolvimento (Dev) e operações (Ops) sob o paradigma do DevOps que verdadeiramente revolucionou o gerenciamento de projetos de TI. O DevOps enfatiza a colaboração, automação e uma cultura de responsabilidade compartilhada entre as equipes de desenvolvimento e operações. Ao quebrar as formas de trabalho isolados em silos e promover uma cultura de integração, entrega e implantação contínuas, o DevOps permite que as organizações acelerem o tempo de lançamento no mercado, melhorem a qualidade e impulsionem a inovação.

“DevOps pode ser definido como um conjunto de melhores práticas de mercado, que adaptadas de forma sistêmica à realidade da organização, permitem elevar a eficiência das ações dos profissionais de TI e do Negócio. Foca em alta sincronia e colaboração entre times para a entrega valor de alta qualidade, usando automação, processos contínuos, cultura generativa, estabilidade e proatividade”.

Essencialmente, a evolução da cascata ao DevOps representa uma mudança de uma mentalidade centrada em projetos para uma centrada em produtos e serviços em produção, operacionais, onde o foco se estende além do desenvolvimento para abranger todo o ciclo de vida, com as operações desempenhando um papel central. Essa evolução reflete uma tendência mais ampla em direção a abordagens holísticas e colaborativas para o gerenciamento de projetos de TI, onde as fronteiras entre desenvolvimento e operações se tornam mais difusas e o objetivo final é entregar valor aos clientes de forma rápida e confiável.

Ao final de contas, cada novo incremento desenvolvido, passa a ser integrado rapidamente no serviço em funcionamento, mudando completamente o foco do trabalho dos times, com foco estabilidade e qualidade, na satisfação de usuários e clientes, métricas de negócios afetadas pelo serviço como fidelidade de clientes, crescimento de mercado, destaques frente a concorrência, escalabilidade.

Mudança de foco: de produto ao servico 

No desdobramento de práticas DevOps, cada novo incremento desenvolvido é rapidamente integrado ao serviço em funcionamento, marcando uma mudança significativa no foco das atividades do negócio como um todo. Agora, o centro das atenções é a estabilidade e qualidade do serviço, além da satisfação dos usuários e clientes. Essa mudança de paradigma não apenas visa melhorar a experiência do usuário, mas também tem um impacto direto em métricas de negócios cruciais, tais como a fidelidade dos clientes, o crescimento de mercado e a posição competitiva frente aos concorrentes. Além disso, a capacidade de escalar eficientemente para atender às demandas crescentes do mercado torna-se uma prioridade essencial.

A agilidade pode ser grandemente fortalecida através das práticas DevOps. Enquanto a agilidade tem sido tradicionalmente centrada em métodos orientados a produtos, especialmente dentro dos silos onde ela surgiu inicialmente, nas equipes de desenvolvimento, o DevOps tem seu foco central nos serviços, aumentando o foco em uma visão sistemica.

O enfoque no produto naturalmente evolui para um foco no serviço. Enquanto o primeiro concentra-se primariamente nos requisitos funcionais que são incrementados ao longo do tempo, o segundo amplia sua abordagem para incluir não apenas os requisitos funcionais, mas também os não funcionais. Estes últimos abrangem áreas essenciais como segurança, desempenho, capacidade de adaptação, estabilidade, resiliência, satisfação dos usuários, além da capacidade de ativar e desativar funcionalidades conforme necessário, bem como a escalabilidade do serviço, entre outros aspectos.

Essa transição para um enfoque mais abrangente reflete uma compreensão mais profunda das necessidades e expectativas dos usuários e clientes. Não se trata apenas de entregar um conjunto de funcionalidades, mas de garantir que o serviço como um todo seja confiável, seguro e capaz de se adaptar às demandas em constante mudança do mercado e das tecnologias emergentes.

Mudança de paradoxo: da entrega ao valor

Nesse sentido, a evolução do foco do produto para o serviço não apenas melhora a experiência do usuário final, mas também fortalece a posição competitiva da empresa ao garantir que seus serviços atendam não apenas às expectativas atuais, mas também às futuras, garantindo assim sua relevância e sucesso a longo prazo.

Agora, torna-se mais evidente que enquanto a abordagem em cascata tem como principal objetivo atender rigidamente ao escopo, a agilidade concentra-se na produção de entregas, que são o resultado do trabalho de transformar o backlog da sprint em entregas incrementais, embora ainda não tenham o impacto desejado na produção ou nos negócios.

No contexto do DevOps, a entrega é vista como um meio para alcançar valor, que é experimentado após cada “commit”, em cada implantação frequente ou contínua. No DevOps, é possível adicionar novo código com a mesma facilidade com que se remove código, utilizando métodos e técnicas que se aproximam do cliente. Um exemplo disso é o desenvolvimento orientado a hipóteses, que busca elevar os objetivos estratégicos do negócio por meio da experimentação.

Essa mudança representa um verdadeiro paradoxo. Se buscamos a inovação, ou mais crucialmente, atender às necessidades de negócio em termos de objetivos e metas, a grande revolução do DevOps reside em aproximar os desenvolvedores dos clientes, não apenas da operação. Eles transcendem as fronteiras das próprias áreas de negócio, promovendo uma visão holística e colaborativa que visa não apenas criar produtos, mas também garantir sua relevância e valor no mercado.

Conclusão

Em suma, o DevOps não é apenas uma forma de desenvolvimento de software otimizada, mas sim um novo modo de pensar e gerenciar operações de TI e o negócio que depende fortemente dela, onde a colaboração, a automação e a entrega contínua são fundamentais para o sucesso no mercado moderno e altamente competitivo.

Estamos testemunhando uma evolução significativa nas divisões tradicionais do trabalho entre construção e operação. No paradigma do DevOps, essa dicotomia desvanece-se em prol de uma integração total. Aqui, as atividades se entrelaçam em um processo contínuo, estabelecendo uma base de trabalho sustentável, estável e resiliente. Assim, o conceito clássico de projeto de TI como um esforço temporário, datas de inicio e termino, dá lugar a uma abordagem mais fluida e dinâmica, onde a construção e a operação se fundem em uma sinergia contínua.

  • Visão Cascata Tradicional: Nesse modelo, as divisões entre construção e operação são claramente definidas, com processos separados e responsabilidades distintas. O projeto de TI é encarado como um esforço temporário, seguindo uma abordagem sequencial e linear. O projeto termina quando todo o escopo é implementado, validado e aceito, eventualmente transferido e operado.
  • Visão Ágil: A abordagem ágil promove uma alternância incremental entre construção e operações. Aqui, a ênfase está na flexibilidade, adaptabilidade de um escopo com fortes possibilidades de mudança e entrega regular, iterativa e incremental, em contraste com o modelo cascata mais rígido.
  • Visão DevOps: No DevOps, as fronteiras entre construção e operação são praticamente inexistentes. As atividades são integradas em um processo contínuo, onde a ênfase está na colaboração, automação, sincronia, feedback rápido e valor ao negocio. Isso resulta em um ambiente de trabalho mais fluido e uma operação mais eficiente e resiliente. Neste caso é a operação continua que sofre mudanças continuas e estaveis com pequenos incrementos de baixo risco.

DevOps se transformou em um novo paradigma de gestão!

Até a próxima!

Fique por dentro de nossos conteúdos se cadastrando na nossa newsletter semanal! Clique aqui!

Leave a Reply